UNIVERSIDADE
FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
CAMPUS
SENADOR HELVÍDIO NUNES DE BARROS
CURSO
DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DOCÊNCIA NA ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL
DISCIPLINA:
CURRÍCULO DE EDUCAÇÃO INTEGRAL INTEGRADA
PROF.
DR. JOSÉ LEONARDO SEVERO
Hélio
dos Santos Chagas
RESENHA
Picos
2015
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MACEDO,
Roberto Sidnei. Atos de currículo
formação em ato? : para compreender, entretecer e problematizar currículo e
formação/Roberto Sidnei Macedo. - Ilhéus: Editus, 2014.
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O autor introduz a sua obra estabelecendo uma série de ideias e conceitos
introdutórios que se resumem numa crítica à redução da qualidade da formação. Com
todas essas ideias introdutórias Macedo deixa claro que toda a sua obra será
permeada pela seguinte ideia: A ideia de que o fundante da educação é a
formação (MACEDO, 2010), e que o currículo é, como uma tradição inventada
(GOODSON, 1992). Abordando as disjunções educacionais que persistem, o
autorrelato de questões abordadas nesse cenário educacional da temática
formação como um analisador e um revelador filosófico e politico-pedagógico
tende a construir ações educacionais e formativas como uma centralidade
reflexiva e prática.
Sendo assim, Torna-se necessário elevar o fenômeno formação, que se
realiza em meio ás ações curriculares e na emergência valorada de aprendizagens
significativas, a uma realização humana complexa, na medida em que o apresentam
como um processo que se edifica na experiência do sujeito, mediado por suas
relações existenciais, sociais e institucionais, implicando transversalidades
éticas, políticas, estéticas e culturais, desde a sua concepção até as
experiências formativas propriamente ditas.relata os conhecimentos como um importante dispositivo formacional
como um potente configurador de políticas e praticas educacionais.
Macedo (2014) menciona Hegel, ao qual
na sua dialética nos chamava atenção no sentido de que o real é relacional,
onde aprendemos a olhar o mundo aos pedaços e de maneira incomunicável, a não
compreender totalizações relacionais em movimento, como é a vida, a sociedade,
a educação, a escola, ou seja, um ser em formação. A lógica disciplinar com a
qual fomos formados, por exemplo, cultiva nas relações que estabelecem entre
si, e com as realidades representadas, uma visão antinômica, muitas vezes
cegamente concorrente.Isso pressupõe que, o que temos que perceber é que nossa
realidade se apresenta, como formativa onde o pensar dialético e dialógico
torna-se possível a partir dessa relação com o saber.
Há também pensamentos que não conseguem perceber que o mundo é contraditório
e paradoxal, podendo ser compreendido de forma relacional.
No capítulo 1, intitulado: Currículo, formação e experiência o
autor baiano aborda algumas problematizações propositivas falando em
compreensão da formação e de existências cidadãs em aprendizagem num contexto
curricular que é vista como fundante da educação, relata que a formação
qualificada só se realiza , enquanto transformação, na condição de uma
proposição mutualista e de reconhecimento do outro em formação, da historia, da
sua cultura e de suas demandas socioexistenciais e humanamente comuns, algo que
os curricula estão longe de alcançar.É aqui que os dispositivos curriculares de
formação democraticamente qualificados se transformam numa pauta e numa agenda de centralidade democrática inadiável, no
nosso entendimento, em face do nosso contexto de desafios.
A avaliação na formação caminha no
mesmo sentido, ou se reduz a avaliação de aprendizagem como julgamento externo
do desempenho individual, ou cai na construção de indicadores estatísticos
descontextualizados sem nenhuma relação com o processo mesmo de formação e sua
complexidade. A ausência de reflexões mais aprofundadas entre nós é de todo
preocupante (MACEDO 2010).
Macedo, (2014) é enfático ao dizer: “Entendemos
que os atos de currículos e, por consequências, as ações de formação tem uma
formação historicamente situada de transformação da sociedade; nesse sentido,
formadores e formandos deverão ser preparados e considerados capazes de
intervir no mundo e inflexionar a realidade”. O pesquisador baiano encerra esse
capítulo com a experiência formadora de
de Marie-Christine Josso, resumindo que a prática educativa dela deixa
clara a existência de uma epistemologia, um dispositivo e uma prática pautada
na multirreferencialidade da experiência.
O capítulo 2, intitulado: Crítica,
intercompreensão, currículo e formação traz uma reflexão do autor sobre o
papel da crítica na formação. Isso ele faz baseando-se em Baunman e Ivor
Goodson, ressaltando que, o fortalecimento das faculdades críticas e
autocríticas é necessário a qualquer formação. Ainda segundo Goodson, é a saída
para irmos contra as enormes inadequações das prescrições autoritárias do
currículo.
O autor conclui o capítulo indicando e reafirmando que deve haver
mediações intercríticas, mutualidade crítica e formação. Vale a pena refletir a
idéia de intercrítica como um processo um processo central no desejo de um bem
comum socialmente referenciado e, assim, o conflito de críticas emergirá como
pauta formativa.
Os capítulos 3 e 4 abordam uma criticidade em relação ao
tecnicismo e neotecnicismo, trabalho e suas implicações na formação do sujeito,
ressaltando que há sempre uma cultura técnica presente nas experiências
formativas, organizadas ou não, seja fazendo parte dos dispositivos da
formação, seja como conteúdos não sitematizados da mediação do processo
formativo. O autor reforça isso com a seguinte frase: “(...) a escola rejeita a
técnica, mas é profundamente tecnicista.” Para ele, a educação não pode
refletir a cultura técnica e perder de vista a reflexão crítico cultural.
Ainda, reforça suas idéias citando BERGER (1989, p.17):
“Se a escola não trabalha a questão do sentido político
dessas técnicas, da sua significação social e não apenas o saber-fazer, num
certo sentido, a escola não tem mais razão de ser.”
Encerrando a idéia dos dois capítulos Macedo (2010) enfatiza que, ao
avaliar a formação, é fundamental a contextualização das circunstâncias com as
quais as quais a aprendizagem acontece. Ninguém aprende isolado numa bolha ou
num tubo de ensaio de um ambiente experimental. A formação acontece a céu
aberto. Portanto, citando (DOMINICÈ, 2007), “o real da formação não está
prescrito”.
Os dois últimos capítulos
trazem a discussão das implicações dos atos de currículo na formação do
sujeito, na emergência de um sujeito com a sua identidade definida, bem como,
relata o processo de construção dessa identidade montada pelo currículo. Os
capítulos relatam a formação contínua dos professores preconizando-as como
constitutivas de atos de currículo. Além disso, o autor aponta a formação
contínua de professores como uma busca crítico-coalizional. As mediações
curriculuares, o entretecimento elucidativo ente currículo e formação trazem-nos
a consciência de que o fenômeno da formação depende da qualidade das mediações
curriculares e o currículo é um dispositivo formativo.
A Ao final da leitura de toda a obra de Macedo (2014) conclui-se que o
autor apresenta seus argumentos em favor de uma perspectiva onde o currículo é
pensado e avaliado a partir de suas implicações e responsabilidades em relação
à formação. O autor entende que os atos de currículo são constituídos por
mediações intercríticas. Os conceitos apresentados nesta obra se configuram
como inovações teórico-práticas para que possamos entrar no mérito dos debates
das complexas, importantes e sofisticadas questões curriculares e formativas
contemporâneas.
Passa a ser uma exigência política e pedagógica trabalharmos, com os
âmbitos do currículo deixando clara qual a nossa opção e como concebemos e
trabalhamos, a partir dele, o fenômeno da formação. O fundante da educação é a
formação.
Texto
resenhado por: Hélio dos Santos Chagas
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