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terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Resenha: Livro Atos de currículo formação em ato? Sidnei Roberto MACEDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
CAMPUS SENADOR HELVÍDIO NUNES DE BARROS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DOCÊNCIA NA ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL
DISCIPLINA: CURRÍCULO DE EDUCAÇÃO INTEGRAL INTEGRADA
PROF. DR. JOSÉ LEONARDO SEVERO





Hélio dos Santos Chagas








RESENHA










Picos
2015



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MACEDO, Roberto Sidnei. Atos de currículo formação em ato? : para compreender, entretecer e problematizar currículo e formação/Roberto Sidnei Macedo. - Ilhéus: Editus, 2014.
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O autor introduz a sua obra estabelecendo uma série de ideias e conceitos introdutórios que se resumem numa crítica à redução da qualidade da formação. Com todas essas ideias introdutórias Macedo deixa claro que toda a sua obra será permeada pela seguinte ideia: A ideia de que o fundante da educação é a formação (MACEDO, 2010), e que o currículo é, como uma tradição inventada (GOODSON, 1992). Abordando as disjunções educacionais que persistem, o autorrelato de questões abordadas nesse cenário educacional da temática formação como um analisador e um revelador filosófico e politico-pedagógico tende a construir ações educacionais e formativas como uma centralidade reflexiva e prática.
Sendo assim, Torna-se necessário elevar o fenômeno formação, que se realiza em meio ás ações curriculares e na emergência valorada de aprendizagens significativas, a uma realização humana complexa, na medida em que o apresentam como um processo que se edifica na experiência do sujeito, mediado por suas relações existenciais, sociais e institucionais, implicando transversalidades éticas, políticas, estéticas e culturais, desde a sua concepção até as experiências formativas propriamente ditas.relata os conhecimentos  como um importante dispositivo formacional como um potente configurador de políticas e praticas educacionais.
        Macedo (2014) menciona Hegel, ao qual na sua dialética nos chamava atenção no sentido de que o real é relacional, onde aprendemos a olhar o mundo aos pedaços e de maneira incomunicável, a não compreender totalizações relacionais em movimento, como é a vida, a sociedade, a educação, a escola, ou seja, um ser em formação. A lógica disciplinar com a qual fomos formados, por exemplo, cultiva nas relações que estabelecem entre si, e com as realidades representadas, uma visão antinômica, muitas vezes cegamente concorrente.Isso pressupõe que, o que temos que perceber é que nossa realidade se apresenta, como formativa onde o pensar dialético e dialógico torna-se possível a partir dessa relação com o saber.
Há também pensamentos que não conseguem perceber que o mundo é contraditório e paradoxal, podendo ser compreendido de forma relacional.
        No capítulo 1, intitulado: Currículo, formação e experiência o autor baiano aborda algumas problematizações propositivas falando em compreensão da formação e de existências cidadãs em aprendizagem num contexto curricular que é vista como fundante da educação, relata que a formação qualificada só se realiza , enquanto transformação, na condição de uma proposição mutualista e de reconhecimento do outro em formação, da historia, da sua cultura e de suas demandas socioexistenciais e humanamente comuns, algo que os curricula estão longe de alcançar.É aqui que os dispositivos curriculares de formação democraticamente qualificados se transformam numa pauta e numa agenda  de centralidade democrática inadiável, no nosso entendimento, em face do nosso contexto de desafios.
        A avaliação na formação caminha no mesmo sentido, ou se reduz a avaliação de aprendizagem como julgamento externo do desempenho individual, ou cai na construção de indicadores estatísticos descontextualizados sem nenhuma relação com o processo mesmo de formação e sua complexidade. A ausência de reflexões mais aprofundadas entre nós é de todo preocupante (MACEDO 2010).
     Macedo, (2014) é enfático ao dizer: “Entendemos que os atos de currículos e, por consequências, as ações de formação tem uma formação historicamente situada de transformação da sociedade; nesse sentido, formadores e formandos deverão ser preparados e considerados capazes de intervir no mundo e inflexionar a realidade”. O pesquisador baiano encerra esse capítulo com a experiência formadora de  de Marie-Christine Josso, resumindo que a prática educativa dela deixa clara a existência de uma epistemologia, um dispositivo e uma prática pautada na multirreferencialidade da experiência.
O capítulo 2, intitulado: Crítica, intercompreensão, currículo e formação traz uma reflexão do autor sobre o papel da crítica na formação. Isso ele faz baseando-se em Baunman e Ivor Goodson, ressaltando que, o fortalecimento das faculdades críticas e autocríticas é necessário a qualquer formação. Ainda segundo Goodson, é a saída para irmos contra as enormes inadequações das prescrições autoritárias do currículo.

O autor conclui o capítulo indicando e reafirmando que deve haver mediações intercríticas, mutualidade crítica e formação. Vale a pena refletir a idéia de intercrítica como um processo um processo central no desejo de um bem comum socialmente referenciado e, assim, o conflito de críticas emergirá como pauta formativa.
Os capítulos 3 e 4 abordam uma criticidade em relação ao tecnicismo e neotecnicismo, trabalho e suas implicações na formação do sujeito, ressaltando que há sempre uma cultura técnica presente nas experiências formativas, organizadas ou não, seja fazendo parte dos dispositivos da formação, seja como conteúdos não sitematizados da mediação do processo formativo. O autor reforça isso com a seguinte frase: “(...) a escola rejeita a técnica, mas é profundamente tecnicista.” Para ele, a educação não pode refletir a cultura técnica e perder de vista a reflexão crítico cultural. Ainda, reforça suas idéias citando BERGER (1989, p.17):

“Se a escola não trabalha a questão do sentido político dessas técnicas, da sua significação social e não apenas o saber-fazer, num certo sentido, a escola não tem mais razão de ser.”

Encerrando a idéia dos dois capítulos Macedo (2010) enfatiza que, ao avaliar a formação, é fundamental a contextualização das circunstâncias com as quais as quais a aprendizagem acontece. Ninguém aprende isolado numa bolha ou num tubo de ensaio de um ambiente experimental. A formação acontece a céu aberto. Portanto, citando (DOMINICÈ, 2007), “o real da formação não está prescrito”.
Os dois últimos capítulos trazem a discussão das implicações dos atos de currículo na formação do sujeito, na emergência de um sujeito com a sua identidade definida, bem como, relata o processo de construção dessa identidade montada pelo currículo. Os capítulos relatam a formação contínua dos professores preconizando-as como constitutivas de atos de currículo. Além disso, o autor aponta a formação contínua de professores como uma busca crítico-coalizional. As mediações curriculuares, o entretecimento elucidativo ente currículo e formação trazem-nos a consciência de que o fenômeno da formação depende da qualidade das mediações curriculares e o currículo é um dispositivo formativo.


A Ao final da leitura de toda a obra de Macedo (2014) conclui-se que o autor apresenta seus argumentos em favor de uma perspectiva onde o currículo é pensado e avaliado a partir de suas implicações e responsabilidades em relação à formação. O autor entende que os atos de currículo são constituídos por mediações intercríticas. Os conceitos apresentados nesta obra se configuram como inovações teórico-práticas para que possamos entrar no mérito dos debates das complexas, importantes e sofisticadas questões curriculares e formativas contemporâneas.
Passa a ser uma exigência política e pedagógica trabalharmos, com os âmbitos do currículo deixando clara qual a nossa opção e como concebemos e trabalhamos, a partir dele, o fenômeno da formação. O fundante da educação é a formação.





Texto resenhado por: Hélio dos Santos Chagas


















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